A Evolução das Manifestações Populares no Brasil: Da Ditadura Militar às Jornadas de Junho

As manifestações populares no Brasil têm uma longa história, que atravessa momentos de repressão, liberdade e lutas por direitos civis. Este artigo analisa a evolução das manifestações no país, desde os tempos da Ditadura Militar até as Jornadas de Junho de 2013, além de refletir sobre o impacto dessas movimentações na política atual.

5/2/20253 min read

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Manifestações na Ditadura Militar (1964-1985)

Durante a Ditadura Militar, que durou de 1964 a 1985, as manifestações populares foram severamente reprimidas. A repressão violenta aos movimentos sociais, partidos políticos e ao jornalismo independente fez com que as manifestações ocorressem de forma clandestina e, em sua maioria, de maneira silenciosa.

O AI-5 (Ato Institucional Número 5), promulgado em 1968, foi um marco nesse período, pois suspendeu as garantias constitucionais e autorizou o fechamento do Congresso Nacional, além da perseguição a opositores do regime. Durante este período, a população que se manifestava contra o governo sofria prisões, torturas e até desaparecimentos forçados.

O Pós-Ditadura e o Renascimento das Manifestações

Com a redemocratização do Brasil no final dos anos 1980, as manifestações populares passaram a se fortalecer. A Constituição de 1988 garantiu a liberdade de expressão e o direito de se manifestar, o que impulsionou movimentos como as Diretas Já (1983-1984), que buscavam a redemocratização do país e o fim do regime militar.

A transição para a democracia também trouxe à tona uma série de novos movimentos sociais, como o movimento dos sem-terra e o movimento negro, que passaram a reivindicar direitos civis, o acesso à terra e políticas públicas para a população negra e periférica.

As Manifestações de 2013: O Estopim para as Jornadas de Junho

Em 2013, o Brasil viveu um período de intensas manifestações populares, que ficaram conhecidas como as Jornadas de Junho. A princípio, as manifestações começaram como um protesto contra o aumento das tarifas de transporte público em várias cidades, mas rapidamente se espalharam para outras causas, como a corrupção política, os gastos com a Copa do Mundo de 2014 e a falta de investimento em serviços públicos.

As manifestações de 2013 marcaram uma nova fase das manifestações populares no Brasil. Elas envolveram principalmente jovens, nascidos após a Ditadura, que estavam insatisfeitos com o sistema político e com a qualidade dos serviços públicos. A chamada "geração da indignação" ganhou força com a popularização das redes sociais, que se tornaram ferramentas de organização e articulação de novos protestos.

Redes Sociais e o Papel da Comunicação nas Manifestações

Um dos maiores marcos das manifestações de 2013 foi o uso das redes sociais. O Facebook, Twitter e WhatsApp se tornaram os principais canais de comunicação, organizando e ampliando as mobilizações, sem a necessidade de um comando centralizado. Essa nova forma de organização, mais horizontal e descentralizada, permitiu que as manifestações ganhassem proporções muito maiores e atingissem pessoas de diversas classes sociais e regiões do Brasil.

O poder das redes sociais também foi evidenciado pela rapidez com que as informações (e desinformações) se espalhavam, criando uma nova dinâmica para as manifestações. As redes não apenas permitiram que os manifestantes se organizassem, mas também ajudaram a mobilizar o apoio popular, além de pressionar o governo a responder às reivindicações da população.

O Impacto das Manifestações de 2013 na Política Brasileira

As manifestações de 2013 tiveram um impacto significativo na política brasileira. Embora os protestos tenham começado com reivindicações mais locais, como o aumento da passagem de ônibus, logo eles se tornaram um reflexo do descontentamento geral da população com a corrupção, a falta de transparência e a ineficiência do governo.

Os protestos contribuíram para a queda da popularidade da então presidente Dilma Rousseff, que viu seu governo ser criticado por não atender às demandas da população. Além disso, as manifestações de 2013 também ajudaram a consolidar novos movimentos políticos, como o movimento MBL (Movimento Brasil Livre), que se opôs ao governo Dilma e foi um dos grupos que apoiou o impeachment da presidente em 2016.

O Papel das Manifestações no Contexto Atual

Embora as manifestações de 2013 tenham sido uma das maiores mobilizações populares da história recente do Brasil, os anos seguintes também foram marcados por grandes protestos, como as mobilizações de 2016 contra o impeachment de Dilma Rousseff e os protestos de 2018, que pediam a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As manifestações no Brasil continuam a ser uma parte essencial da política nacional, refletindo a insatisfação da população com a política e o sistema eleitoral. No entanto, as manifestações também têm sido cada vez mais polarizadas, refletindo a divisão crescente entre grupos progressistas e conservadores.

Conclusão

As manifestações populares no Brasil são um reflexo da busca por direitos, transparência e melhores condições de vida. Elas não são apenas uma expressão de insatisfação, mas também um mecanismo de pressão para mudanças políticas e sociais. Ao longo dos anos, as manifestações se transformaram em um importante instrumento de contestação e de mobilização popular, mostrando que, apesar de todas as dificuldades, a população brasileira segue disposta a lutar por seus direitos e por um futuro melhor.